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sexta-feira, 14 de junho de 2024

Aculturação Mercadológica

 

Palestra do master blender de Chivas Regal, Colin Scott no Baretto (grupo Fasano), no Brasil em 2011, (na foto: ao lado de Luiz Pagano, com Marcelo Serrano e Mestre Derivan ao fundo). Um dos objetivos era o de aculturar o Scotch Whisky junto aos bamrans e mixologistas brasileiros, com o objetivo de criar receitas de drinks brasileiros.

Quando falamos em aculturação, a primeira imagem que vem à mente é geralmente a de alguém que migra para outro país e passa por uma imersão instantânea na cultura desse novo lugar. No entanto, quando aplicamos o conceito de aculturação ao contexto do marketing e branding, embora haja semelhanças, há algumas distinções importantes.



Na migração, a aculturação refere-se ao processo pelo qual os indivíduos se adaptam a uma nova cultura, enfrentando desafios específicos e lidando com mudanças em sua identidade cultural. Isso pode incluir aprender um novo idioma, adotar costumes diferentes e lidar com o choque cultural.

Por outro lado, no marketing e branding, a aculturação envolve a adaptação de marcas ou categorias de produtos a diferentes culturas ou mercados. Isso significa que as empresas precisam ajustar suas estratégias de marketing, mensagens e produtos para atender às necessidades e preferências dos consumidores em diferentes regiões ou países. No entanto, ao contrário da migração, as marcas geralmente mantêm sua identidade distintiva enquanto se adaptam a novos contextos.

Em ambos os casos, a aculturação envolve a interação entre culturas e a necessidade de se adaptar a novos ambientes. No entanto, enquanto na migração os indivíduos passam por mudanças pessoais e culturais profundas, no marketing e branding as marcas buscam equilibrar a preservação de sua identidade com a necessidade de se conectar com novos públicos e mercados.

Elementos de Adaptação

Na migração, os indivíduos passam por um processo de aculturação ao se adaptarem a uma nova cultura, enquanto no marketing, as marcas enfrentam desafios semelhantes ao expandir para novos mercados ou culturas. As estratégias de assimilação, integração, marginalização e segregação são formas de lidar com essa adaptação e influenciar como os indivíduos ou marcas são percebidos e aceitos em seus novos contextos.

Estilos de Adaptação, por John Widdup Berry em 1997: Assimilação, Integração, Marginalização e Segmentação

Aqui está uma análise de como esses elementos podem se manifestar no contexto do marketing:

Assimilação: No marketing, a assimilação pode ocorrer quando uma marca estrangeira se adapta completamente à cultura local, abandonando suas características distintivas e se fundindo completamente com as práticas de marketing e preferências do mercado local. Isso pode ser visto, por exemplo, quando uma marca estrangeira altera seu nome, logotipo ou mensagens para se adequar ao mercado local sem manter elementos de sua identidade original.

Integração: No marketing, a integração ocorre quando uma marca estrangeira mantém sua identidade distintiva, mas se envolve ativamente com a cultura local, incorporando elementos locais em suas estratégias de marketing. Isso pode incluir parcerias com celebridades locais, patrocínio de eventos culturais ou adaptação de produtos para atender às preferências locais, enquanto ainda mantém uma identidade global reconhecível.

Marginalização: No marketing, a marginalização pode ocorrer quando uma marca estrangeira não consegue se conectar efetivamente com o mercado local, permanecendo distante ou irrelevante para os consumidores locais. Isso pode resultar em baixa conscientização da marca, falta de engajamento do consumidor e dificuldade em competir com marcas locais estabelecidas.

Segregação: No marketing, a segregação pode ocorrer quando uma marca estrangeira opta por se concentrar exclusivamente em um nicho de mercado específico, em vez de se envolver com a cultura local em geral. Isso pode ser visto quando uma marca estrangeira segmenta grupos específicos de consumidores com base em interesses ou identidades compartilhadas, em vez de buscar uma ampla aceitação no mercado local.

Assim, embora os elementos de assimilação, integração, marginalização e segregação possam ser aplicados de maneira semelhante no contexto do marketing, sua interpretação e manifestação podem variar dependendo da dinâmica específica do mercado e das estratégias de marca adotadas.

Aculturação em Marketing

Dentro do contexto de marketing e branding, a aculturação refere-se ao processo pelo qual duas ou mais entidades, como marcas ou categorias de produtos, se unem e se adaptam às diferentes culturas, contextos ou mercados, mantendo suas identidades distintas. Esse processo envolve uma integração cuidadosa que permite a preservação das características únicas de cada entidade, ao mesmo tempo em que busca alcançar objetivos comuns e aproveitar sinergias. Em vez de uma absorção completa, a aculturação visa a colaboração e a coexistência harmoniosa, resultando em uma nova entidade que incorpora o melhor de todas as partes envolvidas.

Os tipos de aculturação de marketing são quatro: 1-aculturação de marca, quando por exemplo, o Facebook comprou o Instagram; 2 -aculturação de produto, quando vemos um cardápio do McDonald's no Japão: 3 -aculturação do Consumidor, que foi o caso do aumento de consumo de sushi na América nos anos 1980's 90's; e 4 -aculturação de categoria, quando o Luiz Pagano criou uma nova categoria de bebidas a partir de uma bebida ancestral brasileira, o cauim.

No estudo de branding e marketing, o termo "aculturação" pode ter várias conotações, cada uma com implicações distintas. Aqui estão algumas delas, com exemplos para ilustrar:

1 Aculturação de Marca: Como discutido anteriormente, isso envolve a integração de duas ou mais marcas, mantendo suas identidades culturais distintas. Exemplo: Facebook e Instagram: O Facebook adquiriu o Instagram, mas permitiu que a plataforma mantivesse sua identidade única, enquanto integrava recursos como anúncios direcionados.

2 Aculturação de Produto: Refere-se à adaptação de um produto para se adequar a diferentes culturas ou mercados. Exemplo: A McDonald's oferece menus específicos para cada país, incorporando itens que são populares e culturalmente relevantes em cada localidade.

3 Aculturação de Consumidor: Envolve a mudança de comportamento, crenças ou hábitos de consumo de um consumidor devido à exposição a uma nova cultura ou influência externa. Exemplo: A popularização do sushi nos Estados Unidos, onde o consumo dessa comida japonesa se tornou comum entre os americanos, adaptando-se às preferências locais.

4 Aculturação de Categoria: Como no exemplo do cauim, isso envolve a introdução de uma categoria de produto em novos contextos culturais, muitas vezes preservando suas raízes e tradições originais. Exemplo: A criação da nova categoria de bebida alcoólica, o ‘cauim’ , feita a partir de mandioca, com base na cultura tradicional indígena brasileira.

Essas são apenas algumas das formas pelas quais o conceito de aculturação pode ser aplicado no contexto de branding e marketing, demonstrando como as empresas e consumidores interagem e se adaptam às mudanças culturais.


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quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Red Bull Branding Sem Erro

Luiz Pagano na Red Bull Global Headquarters, em Fuschl am See, Austria - ft business prs

O branding da Red Bull foi tão bem elaborado que parece ter sido criado com o auxílio de uma bola de cristal.


No início das atividades aqui no Brasil, participei do time responsável pela introdução bem-sucedida da Red Bull no Brasil, atuando como o primeiro gerente de on premise, segmento encarregado de estabelecimentos como bares, baladas e restaurantes, onde se adquire e consome bebidas no mesmo local. Naquela época, o mercado de bebidas energéticas já estava bastante evoluído, com investimentos consideráveis de marcas como Flash Power, empresa qeu havia trabqlhado de 1997 a 1999 como parte de um time terceirizado, e Flying Horse.

Enfrentando uma competição acirrada, nosso desafio era criar uma estratégia de introdução no mercado brasileiro tão criativa e potente quanto aquelas desenvolvidas na Áustria para a criação da marca. Naquela época, a distribuição da Red Bull no Brasil foi coordenada pela empresa Madasa, que detinha o contrato de distribuição, enquanto a própria Red Bull se encarregava das estratégias de marketing.

Uma das primeiras Red Bull Vending Machines abril de 1999

Em abril de 1999, embarcamos para a Áustria com uma equipe de mais de 40 funcionários para treinamentos em marketing, o Brasil era um mercado valioso demais, e a transmissão das estratégias não podia correr dos desvios de um ‘telefone-sem-fio’. Nosso objetivo não era apenas introduzir a marca, mas também assegurar uma vantagem competitiva duradoura em um mercado altamente competitivo. Essa missão demandou criatividade, inovação e um entendimento profundo do cenário local, resultando no estabelecimento sólido da Red Bull no Brasil, uma trajetória que perdura com sucesso até os dias de hoje. A criação e distribuição de conteúdo de alta qualidade também são elementos-chave da estratégia de marketing da Red Bull, incluindo assessoria de imprensa, notícias formais, histórias de clientes e masi tarde com o advento de mídias sociais dos anos 2000 ~ 2010, também contamos com  blogs e canais no YouTube com milhares de vídeos, fortalecendo ainda mais a conexão com seu público-alvo.

Fundada em 1987 na Áustria, a Red Bull destacou-se rapidamente como a criadora e a principal empresa no mercado de bebidas energéticas, impulsionando o valor da marca por meio de estratégias de marketing brilhantes, tendo em 2020 a impressionante participação de mercado global de 38%, (que já chegou a ser de mais de 80% no inicio dos anos 2000), a empresa adotou diversas táticas para alcançar esse sucesso.

A estratégia de marketing da Red Bull é multifacetada e começa com um slogan inspirador e memorável, "Red Bull te dá asas" (Red Bull verleiht Flügel), criado em 1997 e mantido desde então. 

Incentivo a prática de esportes radicais como parte da vivência e formação de times. Luiz Pagano e equipe de introdução no Brasil, abril de 1999. ft business prs

No final dos anos 1980, pesquisas indicaram que a imagem dos dois touros se confrontando no logo era percebida como excessivamente intensa. Diante dessa percepção, a estratégia da marca evoluiu de maneira engenhosa, introduzindo um personagem autoirônico em animações de filmes publicitários. Esse personagem não só trouxe equilíbrio à intensidade da imagem anterior, mas também injetou uma dose de graça e humor, alinhando-se de forma mais eficaz com as preferências do público e consolidando a singularidade da marca. Essas estratégias criativas contribuíram para a singularidade da marca, e apesar de enfrentar alguns desafios legais ao longo de sua história, a consistência no uso desse slogan fortaleceu a estratégia de marketing ao longo do tempo.

Além disso, a Red Bull investiu significativamente em patrocínios de esportes extremos, exigindo coragem, condicionamento físico e mental - atributos da marca. Isso culminou no evento Stratos em 2012, onde Felix Baumgartner realizou um salto de paraquedas da borda do espaço. Esses eventos não apenas quebraram recordes mundiais, mas também impulsionaram as vendas da empresa.

A abordagem publicitária inovadora e humorística, iniciada em 2000 com vídeos distintos, solidificou a identidade da marca. A Red Bull também se destacou no uso de Guerrilla Marketing, como a estratégia de distribuição gratuita de bebidas em campi universitários.

Além disso, a Red Bull construiu uma marca forte e consistente em torno do slogan "Red Bull te dá asas", direcionando efetivamente sua mensagem para homens jovens em busca de aventuras. A empresa utiliza o marketing boca a boca, aproveitando eventos de esportes extremos para alcançar milhões de espectadores e aumentar a eficácia dessa forma de publicidade.

Centro de Formação Profissional da Red Bull na Austria, abril de 1999 - ft business prs

Em resumo, a Red Bull adotou uma estratégia de marketing abrangente, combinando conteúdo de qualidade, patrocínios de esportes extremos, marketing guerrilha, abordagem publicitária inovadora, branding forte e marketing boca a boca para alcançar e manter sua posição dominante no mercado de bebidas energéticas no Brasil e no mundo.

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Como Fazer Cauim em Casa Método Japonoês DOBUROKU

 


Você que assistiu à série de vídeos no Youtube  'Preparo do Cauim Feito em Casa - DOBUROKU', e suas sequencias Parte 2,  e quer saber mais detalhes sobre o processo, esse post traz algumas informações adicionais, tais como medidas e nomes em Tupi dos processos.

É um trabalho de resgate cultural brasileiro, realizado por Luiz Pagano, descendente da 16ª geração do cacique Tibiriçá, a partir de pesquisas e experimentos realizados em aldeias brasileiras e fábricas de saquê no Japão. O termo 'Doburoku' refere-se ao processo simplificado de produzir sake em casa com simples utensílios de cozinha. No entanto, esse tipo de saquê foi proibido no Japão na era Meiji (1868 e 1912), até os dias de hoje.

Depois de mais de 500 anos, o Cauim, fermentação alcoólica da mandioca, a bebida mais antiga do Brasil, foi feito de novo em solos próximos à aldeia de Inhapuambuçu, do Morubixaba Tibiriçá, (+ou- onde hoje é o Pátio do Colégio e Mosteiro São Bento) com processos de produção descritos na ancestral língua  brasileira, o Tupi Antigo.

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"A preparação de Cauym é um trabalho estritamente feminino, sem envolvimento dos homens. Pedaços finos de mandioca são fervidos até ficarem bem cozidos e se deixa esfriar. Então as mulheres e meninas se reúnem ao redor da panela, levam uma porção até a boca, mastigam bem, ensalivam e botam a porção em um segundo pote… nem o alemão, nem o flamengo, nem os soldados, nem o suíço; quer dizer, nenhum desses povos da França, que se dedicam tanto ao beber, vencerá os americanos nesta arte “ - Histoire d’un voyage faict en la terre du Brésil de Jean de Léry

Depois de muito tempo, conseguimos, descobrimos que antes de conseguir a fermentação da mandioca, temos que transformar todo seu amido em açucares, essa dificuldade parecia ser uma equação difícil nas mãos de quem tentava fazer a bebida.

Nas aldeias indígenas eles resolveram o problema usando amilase salivar - isso mesmo!!  eles mastigam e cospem a mandioca num processo denominado 'Produção Ancestral'.

Os Japoneses também usavam a amilase salivar para fazer o sake, é sabido que nossos nativos são, em grande parte, povos vindos da Ásia que cruzaram o estreito de Bering, quem sabe essa cultura veio junto?!

De qualquer forma, no ano de 689 dC, período Yamato do Japão feudal, o castelo imperial de Nara adotou novas medidas para produção do sake, não se podia mais mastigar o arroz, pois um fungo, o Aspergillus orizae chamado de Koji, resolvia o problema da sacarificação do amido, e com isso, a bebida passou a ser preparada dessa forma para ser consumida por monges e guerreiros.

AVISOS IMPORTANTES
1º                      


2º 
 
Respeito aos nossos ancestrais

O Cauim é o nome genérico dado à bebida fermentada de mandioca, que não deve ser confundido de forma nenhuma com a cauinágem, ritual ancestral da cultura material brasileira, pré colombiana, celebrado ainda hoje em varias aldeias, cuja dinâmica varia de etnia para etnia e merecem todo nosso amor, admiração e respeito.  Jamais devemos reduzir esse ritual de tamanha importância e relevância a uma mera bebida de uso recreacional.


Respeito à bebida

Ainda considerando o 1º ponto acima, dentro do meu propósito de resgate cultural da aldeia do Inhapuambuçu da vila de São Paulo de Piratininga, do Tupi Antigo e do Cauim, sugiro fortemente que leve em conta todo o aspecto religioso e cultural envolvido no preparo da bebida, usando nomes em Tupi Antigo para os processos e tendo o devido respeito pelas evocações da deusa Mani, tal como sugerido por diversos indígenas de diversas etnias, que me auxiliaram no desenvolvimento da bebida e desse DOBUROKU (processo resumido).

Isso posto, vamos ao Cauim.

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Depois de muitos estudos e experimentos, adaptei esse método japonês,  tendo como resultado uma bebida festiva genuinamente brasileira, que celebra a união e harmonia de todo o povo brasileiro. 

Compartilho aqui esses conhecimentos em uma produção simplificada e caseira, conhecida no Japão como DOBUROKU, estimulando outros diletantes e profissionais do mercado de bebidas a desenvolverem seus próprios estilos, a fazerem suas próprias receitas, e com isso, em união que consigamos fazer que o Cauim seja reconhecido na lei (Decreto 6871 de 2009).

O desenvolvimento do Cauim, me levou a conhecer, de forma científica e  espiritual diversos rincões secretos do Brasil e do mundo. Numa dessas jornadas cheguei a membros do Espiritismo Brasileiro, que em transe me passaram a seguinte mensagem "Que o Nobre Néctar Tupi, o Cauim, a bebida que nos foi legada pelos antigos ancestrais do Brasil, aquela que somente pode ser sorvida pelos valorosos, chegue com o nobre propósito de unir sobre o adjetivo 'Brasileiros' o povo que ama, nasce e vive essa terra. Pedimos ainda ao plano espiritual que o Brasil,  possuidor do título de Coração do Mundo e Pátria do Evangelho, sob a ordem do anjo Ismael, conforme descrito por Humberto de Campos (Irmão X) e ditado ao santo homem, Chico Xavier, que o Cauim nasça em meio a homens de diferentes procedências, más iguais na fraternidade e no amor como energia de união e celebração". 

Amem 

Então vamos ao Processo Japonês, desenvolvido por Pagano, em sua versão simplificado 

Para produzir aproximadamente 1 litro de Cauim, usamos: 
- 500g de sagu, de qualquer marca;
- 85g de Koji do tipo Moromi Go, para Sake Ginjo;
- 5g de Levedura 'Premier Cuveé' da Red Star.

Processo


0 - Fases

Etapa No
Processo
Nome em Tupi Antigo
Descrição
Horas/Dias
1
Mbeîu apó
"fazer o beiju" preparo das pérolas de mandioca (sagú)
0:00'00
2
Mbeîu moakyma
embeber o beiju, lavagem de 5 ~10 minutos
0:05'00
3
T-y-pûera mopupu ra–sara
ferver a matéria prima, 1 dedo acima de água até o ponto certo
0:11'00
4
Mbeîu motimbora
cozimento no vapor
0:40'00
5
Sabẽ apó
preparo dos esporos (koji ou 'sabẽ' em Tupi Antigo)
0:00'00
6
Sabẽ nonga
colocação dos esporos - usa-se um Sabẽ M'baraká para povilhar o sabẽ
0:04'00
7
Sabẽ mbeîu moe’ẽ

literalmente (os epsoros tornam o beiju sápido, ou doce) 
processo de crescimento do sabẽ, segui a indicação de horários e temperaturas conforme o produtor de koji
50:00'00
8
Nygynõama nonga
colocação da levedura, conforme indicações do fabricante
0:02'00
9
Haguino

fermentação multipla paralela
16 dias
10
Pokuya
(lit. Cauim sujo ou não filtrado)
separa-se o cauim não filtrado do material que decantou-se no fundo
0:10'00
11
Mbeîu mogûaba
filtração para separar o Cauim de seu subproduto sólido para finalmente se ter o DOBUROKU
4:00'00
12
Katu
(lit. Cauim  filtrado, limpo)
o cauim filtrado tem pouca diferença do Pokuya0:00'00


1 – Mbeîu apó (Preparo da mandioca, ou Beiju) - 

Em Tupi Mbeîu apó  significa "fazer o beiju" o processo tem inicio quando preparamos a mandioca para ser transformada em Cauim, no caso de nosso DOBUROKU simplificamos o processo comprando pérolas de mandioca industrializada, não há mais necessidade de fazer qualquer processo na mandioca, como na imagem, a mulher chamada de Kaûĩ apó sará’ (mulher que prepara o Cauim) esta pilando a mandioca (em Tupi Ungûá pupé o-îo sok);

0 Sagu é lavado por 10 minutos e colocado numa panela, com um dedo de água acima do nível de pérolas, fervido em fogo baixo até ficar com o núcleo branco e bordas semi-transparentes. 



A seguir, separa-se 1/3 da porção para ser cozida no vapor por 40 minutos, envolto em pano de algodão.


Na fase de T-y-pûera mopupu ra–sara do processo tradicional indígena, as fervedoras de caldo, chamadas de Mopupura-sara fervem a mistura


2 - Sabẽ apó (Preparo dos esporos) – 


Os esporos que usei nesse experimento foi comprado de uma empresa tradicional, lá em Kyoto, más hoje em dia, você pode pedir pela internet.


Eu usei um koji do tipo MOROMI GO, próprio para sakes do tipo Ginjo.


Para polvilhar os esporos usei uma Sabẽ M'baraká, com peneira de indígenas Tikuna ao ritmo da musica de enaltecimento à Mani, composta pelo Professor Ariel Oliveira:



Mani omanõ yby resé toîkó 
oré 'anga rembi'urãmamo.

Mandi'oka asé reté oîopóî; 
kaûĩ asé 'anga oîopóî.

Tradução

‘Mani morreu da vida terrena para virar alimento espiritual do nosso povo’

‘A mandioca alimenta o corpo 
e o Cauim alimenta o espírito’

Glossario em Tupi Antigo

Mani - Deusa Mani da mandioca;
manõ - morte, morrer;
yby - Terra, mundo;
embi-u - (ou emiú) -(t) (s) comida;
asé - a gente; nós (universal);
angá - espírito, alma (eco, sombra);
eté -(t) (s) corpo;
kaûĩ - Cauim;
poî - (îo) almientar, dar de comer;


2.1 - Sabẽ M'baraká - o início da vida do Cauim


O Maracá (M'baraká em Tupi antigo)  tem importância que vai alem da força rítmica, dentro do pensamento mágico e espiritual ancestral de nossas etnias, tal como o corpo humano é embalado pelo som emitido pelo espírito, que habita nossos interiores, as pedrinhas e sementes colocadas dentro da cabaça, emitem o som da vida.

O poder do Maracá  assombrou Hans Staden, Jean de Léry e Lévy Strauss, como energia viva e simbólica dos povos Tupinambá, Tupiniquim, bem como etnias que sobrevivem até os dias de hoje, de acordo com Alfred Metraux, os Tupinambá acreditavam que dentro de um contexto xamânico, o maracá servia “de receptáculo ao espírito,  ... e na crença de que o seu ruído reproduzia a voz dos espíritos.”

Dessa forma, fui aconselhado a dar o nome de Sabẽ M'baraká ao pote de aspersão do koji (麹菌の小瓶 - Kōjikin no kobin em Japonês), pois esse instrumento, bem como o ritual de aspersão, é o que vai dar a vida à bebida. Daí a importância de se cantar a música enaltecendo a deusa Mani durante esse processo.

3 - Sabẽ nonga (Colocar os esporos) – 

No método de produção ancestral esse processo chama-se Aîpi o- su'u su’u I nomu (literalmente mastigar e cuspir) as Kunhã-Muku, (mulheres que produzem o Cauim) mastigam a mandioca, salivam e devolvem a devolvem na Ygassaba. A amilase da salivar quebra as moléculas de amido em açucares.

Não podemos usar esse recurso do método ancestral por motivos óbvios, dessa forma usamos esporos do fungo Aspergillus Orizae, o koji (Sabé em Tupi antigo) para esse fim.


Uma vez que os esporos estão energizados e bem colocados no Sabẽ M'baraká, polvilha-se na bandeja contendo o beiju (do Tupi antigo Mbeîu - mandioca já processada para fazer o Cauim) ao ritmo da música, alternando em ângulos de 45 graus a cada refrão, por 8 vezes até completar 360 graus.

Tykueryru - invólucro térmico utilizado para preservar temperaturas do Cauim, a Kaûĩ apoha (fabrica de Cauim) pode usar esse artefato para mostrar o frescor do cauim, conforme as folhas de pitanga vão envelhecendo e perdendo a cor, elas indicam quanto tempo o Cauim foi finalizado - esse artefato tem o propósito de mostrar ao cliente o quão fresco o cauim está a partir da coloração das folhas. No meu caso, utilizei para manter a temperatura de sacarificação elevada com a ajuda de um aquecedor.


O koji (sabe) restante foi misturado com o sagu restante, mexi muito e reservei em uma jarra, coloquei dentro de um Tykueryru térmico para preservar a temperatura, ambas as porções receberam aquecimento conforme tabela progressiva, recomendada pelo fabricante.

No meu caso, dividi 1/4 do koji para ser sacarificado na caixa térmica e outros 3/4 na garrafa aquecida por um aquecedor de bobes.


o controle de temperatura é crucial nessa fase.


Uma dica legal para que não tenha que acordar no meio da noite, só para ficar ajustando a temperatura de sacarificação é começar o processo as 17:00 horas e ja deixar tabuleiro com 32°C, assim você só ira ter aue fazer o ajuste de SAKARI (33°C) às 12:00 do dia seguinte, ainda no mesmo dia as 22:00, faz o ajuste de SHIMAI SHIGOTO (36°C), e as 06:00 do segundo dia o ajuste para SAIKO (temperatura máxima de 43°C), para poder retirar o beiju pronto às 18:00horas. 

4 - Haguino (fermentação alcoólica) –


O Hauguino acontece por mais de doze dias em temperaturas baixas, de preferencia abaixo dos 15ºC , [Sabẽ] mbeîu rygynõama nonga (colocar o [mofo] com que o beiju fermenta) - 
Nessa etapa, equevalente ao SHUBO (米麹) da produção de Sake,  adiciono fungos (levedura) para promover a fermentação alcoólica (fermentar: haguino, vu), num processo conhecido como fermentação paralela múltipla, o koji quebra amido em açucares enquanto que a levedura transforma esse açúcar em álcool;

Antes de começar a fermentação experimento o aujé mbeîu (mandioca já sacarificada) do tabuleiro 


está levemente adocicado...


e os grãos apresentam o aspecto típico da modificação causada pelo crescimento dos esporos


enquanto que o sabor do aujé mbeîu da jarra está com mais doce e com maior complexidade, decido então fazer a mistura dos dois beijus no mosto.




Adição da levedura-

Para esse experimento, usei levedura Premier Cuveé, da Red Star, como um pacotinho de 50g. dá para 20 litros de bebida, usei 5g. para uma jarra de 2 litros.


Acrescentei a levedura diluída em água mineral a 30°C acrescentei a mistura dos dois aujé mbeîu


Coloquei na parte baixa da geladeira, com temperaturas na faixa dos 11 , no dia seguinte constatei que a fermentação estava acontecendo, pois havia a formação de bolhas na superfície.


No segundo dia de fermentação, os aromas característicos começam a aparecer, o material sólido fica mais decantado e a formação de bolhas é mais lenta. percebe-se também que o MOROMI está ficando mais líquido. 


Quando chegou no 6º dia mexi com intenção de misturar muito o beiju que se tornou sápido com as leveduras com o intuito de aumentar os efeitos da fermentação paralela múltipla.


Essa é a


5 - Mbeîu mogûaba (coar/peneirar o beiju - Filtração) – 




No processo ancestral separa-se o amido do Tucupi (soro que se desprende da massa) com o uso do Tepiti. Aqui representado como fase da filtração mecânica, separa-se o sake kasu (酒粕 - sobras da fermentação ) do Cauim.


Ao final de 16 dias a fermentação parece ter terminado, nesse momento sugiro separar seu Cauim dos materiais sólidos de duas formas.

A primeira separação é por cima, no caso retirei com um frasco de ponta fina. Essa porção superior que se separou do material sólido damos o nome em Tupi Antigo de Poquya (sujo em TA),  é o equivalente ao にごり酒 (nigurizake) do sake, o Cauim não filtrado, resultante somente da decantação (por isso que desde o 6º evitei de mexer ou balançar o frasco de fermentação).


Depois disso eu mexo vigorosamente o material restante e passo por um filtro de algodão cru.


Repare o o braço que fixei o filtro foi feito com uma marchetaria da bandeira brasileira, feita numa unidade quilombola, pois como artista e brasileiro, quis incorporar elementos de todas as culturas que misturadas formaram o povo brasileiro. Como disse anteriormente “Produzir o Cauim é um trabalho essencialmente brasileiro e essencialmente Tupi. Trata-se muito mais do resgate das nossas raízes do que da elaboração da bebida alcoólica em si”.


E por fim, termino a fase Mbeîu mogûaba (coar/peneirar o beiju) em si. Se quiser, pode colocar o saco em prensas, para obter a maior quantidade possível de Cauim. 


O resultante da filtração do Cauim é chamado de Katú (limpo) em Tupi antigo. 

Para decidir o quanto deve continuar a filtrar, eu sugiro experimentações constantes, pois quanto mais se espreme o material sólido, maior a quantidade de material sólido se mistura ao Cauim final, causando pequenas alterações de sabor.

6 - Aanga - (Degustação - provar/ a prova)


A degustação do Katu (Cauim bruto) tem pouca diferença do Poquya (Cauim filtrado), que tem mais presentes aromas e texturas de mandioca. 

O aspecto visual tem cor amarelo esverdeado, característicos da bebida.

No olfato, temos aromas bem frutados e florais, ainda com um pouco de aroma de mandioca vindo do material solido.

No paladar, essencialmente o resultado foi satisfatório, com elementos florais e frutados, o Cauim tem um lado 'azedo' de polvilho, o conjunto lembra um pouco chá de camomila, é bem fraco de graduação alcoólica e ficou um pouco aguado.

Percebo ainda uma série de defeitos nessa bebida caseira, no meu próximo DOBUROKU vou tentar fazer em maior quantidade, talvez 5 litros e tentar melhorar a sacarificação do beiju, conseguindo assim mais açúcares e consequentemente, produzindo mais álcool e corpo. 

Degustação de Cauim


FAÇA SEU CAUIM E CONTE PRA MIM

A produção de Cauim ainda está em seu estágio experimental, muitas técnicas ainda podem aparecer, bem como novos hábitos de consumo - sugiro ao o leitor que inove, adapte o que conhece com idéias de criar novas técnicas e compartilhe nesse post, minha proposta de divulgação é criar um ambiente WIKI, para que possamos ter o Cauim de qualidade no menor tempo possível, e todos os brasileiros consigam participar dessa nova experiência festiva.


QUAL É A DIFERENÇA ENTRE O MÉTODO DE PRODUÇÃO JAPONÊS (PAGANO) E O ENZIMÁTICO (SENA)

Basicamente, existem três processos para se produzir CAUIM (até o momento) com nomes em Tupi Antigo - uma espécie de língua franca indígena falada por aqui até 1790.

O processo mais antigo conhecido é o ancestral, no qual a quebra do amido em açúcares é feito com amilase salivar (Aîpi o- su'u su’u I nomu, literalmente mastigação e salivação das mulheres).

No entanto, para fins industriais o CAUIM pode ser produzido por meio do processo enzimático, desenvolvido por Hildo Sena, ou processo japonês, desenvolvido por Luiz Pagano.

No enzimático a matéria príma é a fécula da mandioca (MANIKUERA), enquanto que no japonês é a pérola da mandioca (ITAITINGA BEIJU);

1- T-Y-PûERA MBO'YÚ–SARA (fase de hidratar) nesta fase exclusiva do processo enzimático, a fécula de mandioca é hidratada com água;

2- SABẽ APó, nome em Tupi Antigo para a colocação de enzimas (Sena) ou koji (Pagano) para promover a quebra de amidos em açúcares;

1- T-Y-PûERA MOPUPU RA–SARA (fase de ferver o caldo) a mandioca é cozida no vapor (Pagano) e panela de cocção (Sena).

Daí para frente os processos se igualam.

3- HAGUINO, o processo termina com a fermentação alcoólica na dorna (KAUBA), filtração ( Mbeîu mogûaba ) e engarrafamento (Ybyraygá pupé).

T'ereikokatu (cheers em Tupi Antigo)

Aculturação Mercadológica

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